Um Clima Arriscado para Barragens na África Austral

By: 
Dr. Richard Beilfuss
Date: 
Wednesday, September 19, 2012

Avaliando os riscos hidrológicos, incertezas e as suas consequências para os sistemas dependentes de energia hidroélectrica na Bacia do Rio Zambeze.

Este estudo aprofundado adverte que as novas barragens, assim como as propostas no maior rio da África Austral não estão suficientemente preparadas para resistir aos choques das mudanças climáticas.

Atualmente, estão a ser propostos 13 000 megawatts de grandes hidroeléctricas para o Zambeze e seus afluentes. O relatório revela que as hidroeléctricas já existentes e as que foram propostas não estão a ser adequadamente avaliadas em relação aos riscos da variabilidade hidrológica natural (que é extremamente elevada no Zambeze), e muito menos em relação aos riscos inerentes às mudanças climáticas.

O quarto maior rio de África irá, no geral enfrentar, secas piores e cheias mais extremas. As barragens que estão atualmente a ser propostas e construídas serão negativamente afectadas, e o planeamento energético para a bacia não está a ter em consideração medidas sérias para enfrentar estas enormes incertezas hidrológicas. O resultado poderá ser barragens economicamente não viáveis, com um desempenho abaixo do esperado face às secas mais extremas, e que podem também constituir um perigo pois não foram projetadas para lidar com cheias cada vez mais destrutivas.

As principais conclusões do relatório descrevem uma região que caminha em direcção a um precipício hidrológico:

  • Segundo o Painel Intergovernamental das Mudanças Climáticas, a Bacia do Zambeze exibe os piores potenciais efeitos das mudanças climáticas, quando comparada às 11 principais bacias hidrográficas da África Subsaariana, e vai enfrentar a redução mais substancial da precipitação e de escoamento.

  • A Bacia irá , provavelmente, sofrer um aquecimento significativo e maiores taxas de evaporação no próximo século. Uma vez que as grandes albufeiras apresentam uma maior evaporação que os rios naturais, as grandes barragens podem piorar os défices locais de água (e reduzir a quantidade de água disponível para a energia hídrica).

  • Os planos para dois dos maiores projectos de barragens para o Zambeze, as barragens de Batoka Gorge e de Mphanda Nkuwa, são baseados em arquivos hidrológicos históricos e não foram avaliados em relação aos riscos associados à redução do fluxo anual médio e de ciclos mais extremos de cheias e secas. Tendo em conta os futuros cenários climáticos, é improvável que estas estações hidroeléctricas, baseadas em registos de fluxos do último século, forneçam os serviços esperados durante o seus tempo de funcionamento.

  • A ocorrência de cheias mais extremas e frequentes ameaça a estabilidade e segurança do funcionamento das grandes barragens. Se as barragens são projectadas abaixo do suposto para grandes cheias, o resultado poderá ser graves riscos de segurança para milhões de pessoas que vivem na bacia.

  • O Rio Zambeze já se encontra altamente modificado devido ás grandes hidroeléctricas, o que tem vindo a alterar profundamente as condições hidrológicas que são de extrema importância para os meios de subsistência a jusante e para a preservação da biodiversidade. Os bens e serviços ecológicos fornecidos pelo Zambeze, essenciais para permitir que as sociedades se adaptem às mudanças climáticas, estão sob grave ameaça. Estes serviços não estão a ser devidamente valorizados no planeamento de grandes barragens na Bacia.

O relatório recomenda uma série de medidas para enfrentar a tempestade de mudanças hidrológicas que se aproxima, incluindo mudanças no modo como as barragens são planeadas e operadas.

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